Por Daniella Balazero
Quando estamos estudando uma nova língua, muitos de nós sentimos medo e hesitação em relação a ela. Se cometemos um erro ou dizemos algo errado, nós nos encolhemos, ficamos paralizados e nos julgamos. No entanto, é muito melhor mudarmos o foco e nos procuparmos menos em acertar, de acordo com a professora de habilidades comunicativas Marianna Pascal em uma palestra no TEDxPenangRoad.
Pascal passou 20 anos na Malásia ajudando pessoas a melhorar o seu inglês. Ao longo do tempo, ela descobriu algo surpreendente: a qualidade da comunicação de uma pessoa em uma nova língua tem pouco a ver com o seu nível de conhecimento - e muito mais com sua atitude.
Como professora, ela notou que alguns alunos tinham relativamente baixo domínio de inglês, mas conseguiam se comunicar de forma muito eficiente. Ela lembra de um aluno chamado Faisal, que era supervisor de uma fábrica. Apesar de saber bem pouco inglês, ela diz, "esse cara podia sentar e ouvir qualquer pessoa calmamente, e então responder e expressar lindamente seus pensamentos". Ela também observou alguns alunos na situação oposta - pessoas que já tinham um bom conhecimento de inglês, mas com muita dificuldade de se fazer entender.
Então Pascal percebeu uma coisa. Ela relembra: "Minha filha estava aprendendo piano naquela época, e eu comecei a perceber duas similaridades entre a atitude e o pensamento da minha filha em relação a tocar piano, e a atitude e pensamento de muitos malaios em relação ao inglês".
A primeira similaridade tinha a ver com o medo de errar. Pascal diz que sua filha odiava o piano, odiava as aulas, e odiava praticar. Como ela diz: "ela estava tomada por esse... pavor, porque o único ponto era não estragar tudo, certo? Tanto para minha filha como para sua professora, seu sucesso era medido pela quantidade de erros que ela cometia".
Pascal acrescenta: "Ao mesmo tempo, eu notei que muitos malaios entravam em uma conversa em inglês com o mesmo pavor - esse... sentimento de que seriam julgados pela quantidade de erros que cometeriam, e se iriam ou não estragar tudo".
A segunda similaridade tinha a ver com autoimagem. Pascal diz: "Minha filha, ela sabia como um bom pianista tocava, certo? Porque todos nós já ouvimos um bom pianista, e ela sabia qual era o nível dela, e o quanto ela teria que tocar para ser uma boa pianista".
Pascal percebeu que o mesmo acontece com estudantes de inglês: "Muitos malaios, eu percebi, tinham essa ideia de como um bom falante de inglês deve soar... e eles sabiam como o inglês deles soava, e o quão distantes eles estavam de soar como um bom falante".
Mas isso ainda não respondia a sua pergunta - ela sabia o que fazia algumas pessoas terem dificuldade, mas ainda não tinha descoberto o que fazia com que outros tivessem sucesso.
Então ela foi a uma lan house. A pessoa sentada ao lado dela estava jogando um jogo de tiro enquanto seus amigos assistiam, e ele não jogava muito bem. Mas ao mesmo tempo, ela notou algo interessante: "Mesmo esse cara sendo péssimo, e mesmo com seus amigos assistindo, ele não sentia vergonha. Não sentia estar sendo julgado. Não havia timidez". Ele estava completamente focado na tarefa dele: atirar nos adversários.
Pascal diz: "De repente, eu entendi: é isso! Essa é a mesma atitude de pessoas como Faisal quando falam inglês". Assim como o jogador, quando Faisal entra numa conversa em inglês, ela explica: "ele não se sente julgado. Ele está inteiramente focado no que a outra pessoa está falando e no resultado que ele quer alcançar. Ele não foca em si mesmo, não pensa em seu erros".
Há uma diferença significativa entre alguém que fala uma nova língua como se estivesse tocando piano e alguém que fala como se estivesse jogando videogame. Tem a ver com onde eles estão focando. De um lado, Pascal diz: "Temos alguém com um alto nível - mas totalmente focado em si mesmo e em acertar, e por isso muito ineficaz. E temos alguém em um nível mais baixo, mas totalmente focado na pessoa com quem está falando e em alcançar um resultado - eficaz".
Pascal acredita que falar uma língua não é como aquelas provas que fazemos na escola, onde qualquer erro de grafia ou gramática resulta em um grande X vermelho. Na vida real, pequenos erros não importam - o que importa é conseguirmos nos fazer entender. Ela diz: "Se você quer falar inglês com confiança como Faisal, eis o que pode fazer: não foque em si mesmo; foque na outra pessoa e no resultado que você quer alcançar".
A conclusão de Pascal: "A língua pertence a você. Ela não é uma arte a ser dominada. Ela é apenas uma ferramenta que você usa para alcançar um resultado". E acrescenta: "essa ferramenta é sua".
Traduzido de: https://ideas.ted.com/when-speaking-a-new-language-what-matters-most-is-your-attitude-not-your-accuracy/?fbclid=IwAR3eb9DJm3o19SMZ2zO-HWiOD0w8pFWxUWi1ECA_AGNqLHeBKEq7QnZRBZs
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