sexta-feira, 24 de abril de 2020

Por que o inglês se tornou a língua de comunicação mundial?


Que falar inglês hoje é uma necessidade nós já sabemos. E também não é novidade que a língua inglesa está presente nas mais diversas áreas das nossas vidas. Mas por que, dentre os mais de seis mil idiomas existentes, o inglês foi escolhido como língua franca?

Primeiro, precisamos entender que o que leva uma língua a se tornar o idioma de comunicação entre diferentes povos não é uma decisão arbitrária ou mero acaso. Línguas são sistemas vivos, e podem morrer: basta que, por qualquer razão, seus falantes parem de usá-la e ensiná-la. Assim, quando o último falante de uma língua morre, ela desaparece. Mas enquanto estão vivas, ou seja, enquanto há pessoas utilizando-as e ensinando-as, elas estão em constante transformação, decorrente do seu próprio uso.

Como já falamos aqui no blog, um idioma é uma ferramenta de comunicação. Ele serve para um propósito, e tem que se adaptar às necessidades de seus falantes. Por isso, temos expressões que usamos diariamente e que nossos pais ou avós não conhecem como: blogueira, postagem, gênero não-binário. São palavras que foram criadas ou adaptadas para refletir ideias que não existiam ou não eram formuladas há alguns anos.

Assim, o idioma “escolhido” como língua franca reflete as necessidades de uso dessa língua, e elas têm quase sempre uma motivação política.

Se perguntarmos a alguém com mais de 50 anos qual foi a segunda língua que ele/ela aprendeu na escola, são grandes as chances de que a resposta seja francês, e não inglês. Pois é, o inglês se consolidou como língua franca há pouco mais de meio século. Antes disso, o francês, disseminado pela costa africana pela colonização e utilizado como língua de comércio entre essas colônias e as nações europeias, e consolidado no século XVIII pela produção político-cultural da Revolução Francesa, era a língua de comunicação do mundo.

No início do século XX, as coisas começaram a mudar. Como a explosão da 1ª Guerra Mundial na Europa, os Estados Unidos se viram em uma posição (geográfica e econômica) privilegiada. Longe das linhas de combate, eles podiam produzir insumos e financiar outras nações sem sofrer grandes danos. Isso elevou os EUA ao posto de potência econômica ao final da guerra, a quem os países destruídos recorriam para financiar sua reconstrução.

Os Estados Unidos tiveram um papel muito mais central na 2ª Guerra, mas com exceção da ameaça nuclear e a defesa da costa do Pacífico, seu território foi mais uma vez poupado. Todo o esforço de guerra norte-americano foi traduzido no envio de tropas e insumos para as zonas de combate e, junto com eles, exportava-se também filmes e músicas, além da propaganda de guerra, produzida no país. 



Mais uma vez, os países da Europa, devastados pela guerra, passaram a consumir produtos norte-americanos, desde insumos básicos até sua produção cultural. Consolidava-se a posição de potência político-econômica mundial do país.

Somam-se à História outros aspectos que tornaram o alcance da língua inglesa global:

  • expansão do Império Britânico entre os séculos XIV e XIX: com sua superioridade naval, o Império Britânico se destacou durante as Grandes Navegações - período em que as nações europeias exploraram e colonizaram diversos territórios na África, América e Ásia -, estabelecendo colônias em todo os continentes do globo. 
  • a cultura de exportação norte-americana: iniciada com a disseminação cultural propiciada pelos soldados norte-americanos durante a guerra, a produção musical e cinematográfica dos EUA passou a ser consumida mundialmente.
  • os avanços tecnológicos na segunda metade do século XX: a corrida espacial, o desenvolvimento nuclear e invenção dos computadores e, posteriormente, da internet sempre tiveram os Estados Unidos como protagonista. Hoje, muitas das coisas que usamos (a internet é uma delas) têm nomes de origem inglesa.
  • a estrutura da língua inglesa: com organização similar a das línguas românticas (português, espanhol, francês, italiano…) faladas no Ocidente, o inglês apresenta um estrutura mais simples quando comparada a elas, o que facilita o seu aprendizado para falantes de qualquer outro idioma.


Todos esses fatores contribuem para que o inglês siga sendo a nossa língua franca por um bom tempo. Ou será que precisaremos aprender mandarim num futuro próximo?

Fontes:

Nenhum comentário:

Postar um comentário